É fim de tarde, hora da xepa. Cansados, suados, sujos. Um dia de trabalho em que se aprendeu, com certeza, lições da vida. A linguagem de alguns é a do mercado, da livre concorrência, da vontade de vencer mais uma jornada.
Saco de chuchu nas costas, molhos de coentro nas mãos, mais um carrego. Mais tempo nos galpões do que em casa. A lei da sobrevivência é mordaz para quem só deixou o lar para sobreviver.
Os cargos são separados. De um lado os comerciantes, do outro fregueses. No meio funcionários da Zona Azul, responsáveis por fazer a cobrança de quem estaciona o carro - e os meninos da feira.
A CEASA é um ponto de intersecção. A criança - chamada de vagabunda - que teve que trabalhar, o lavrador do Bairro Lagoa das Flores - lugar produtor de hortaliças - o cliente que quer ser bem servido.
É ainda o lugar da indiferença. A parte sem acesso ao conhecimento, servindo quem conhece e pouco se importa.
CEASA, dia 27 de fevereiro. Quinto dia de intervenção urbana da exposição de arte pública Múltipla Cidade. A partir das 8 da manhã, a feira será palco da arte contemporânea.
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